Elas são cidadãs saquaremenses, de várias origens. A maioria nem nasceu aqui, mas aqui ficaram uma vida inteira e estão ajudando a construir uma Saquarema melhor para sua geração e a de seus filhos. São mulheres trabalhadoras, inteligentes, que se destacam da média por suas atitudes em prol do município. Elas são o começo do amanhã, quando realmente conquistarem um local de destaque na inserção social e política da cidade. Sem nunca terem sido candidatas à Câmara Municipal, elas podem vir a ser, não agora, mais adiante, como opção em seus respectivos partidos políticos. Por agora, não são ainda nem pré-candidatas, mas se destacam nos setores onde são visíveis. Vejam algumas das novas mulheres de Saquarema, líderes em seus espaços de atuação social.
CRIS BRASIL
Liderança Comunitária
Nascida em Niterói, criada em São Gonçalo, Cris Brasil é auxiliar de enfermagem, com especialização em hemodiálise e nefrologia, experiências conquistadas em 5 anos de moradia e vida profissional em São Paulo. De volta ao Rio de Janeiro, veio para Saquarema onde se instalou no bairro do Guarani. Aqui, coordenou um grupo de trabalho sobre hemodiálise. Em Araruama, coordena um curso de hemodiálise na Escola de Enfermagem. Mas sonha mesmo é com o trabalho de ecoterapia, terapia com cavalos, para pacientes especiais.
Mãe solteira de dois rapazes que moram com ela, Cris entrou no movimento comunitário naturalmente. Morando num bairro com muitas carências na saúde, educação, transporte, iluminação, segurança, esporte, cultura, lazer, etc., Cris começou seu trabalho com as mulheres que são o sustentáculo das famílias, são as mais prejudicadas com a falta de água e esgoto que corre a céu aberto na comunidade. Só recentemente, após 12 anos de trabalho e reivindicações, foi inaugurada uma creche no Guarani. Indagada sobre os impactos do COVID 19, diz rapidamente: “As comunidades carentes já vivem o abandono do poder público muito antes da pandemia”.
Segundo informa, no Guarani, entre Bacaxá e Vilatur, não há escolas e o transporte só tem 3 horários, portanto a evasão escolar é uma constante. A violência doméstica é imensa. Jovens e mulheres não têm incentivo para fazer cursos técnicos. As garotas engravidam muito cedo e acabam no trabalho informal. Presidente da Associação de Moradores e do PT em Saquarema, Cris fala da importância de investir os royalties do petróleo em políticas públicas voltadas para os menos favorecidos, como por exemplo na economia solidária, na agricultura familiar e na criação de uma moeda social, semelhante ao “Mumbuca”, experiência exitosa em Maricá.
“É preciso também criar uma bolsa escolar para os jovens, uma guarda municipal capacitada para atender as comunidades e não só o turismo, como ocorre aqui em Saquarema. Temos também que incentivar a bioconstrução, o aluguel social, a distribuição de terras públicas, e políticas de geração de emprego e renda”. Militante do Movimento Negro Unificado (MNU) do Estado do Rio de Janeiro, é uma liderança em ascensão no bairro e no município, atuando ainda no movimento de mulheres.
SUELI SILVA
Empreendedora Ambiental
Algumas mulheres se contentam em ser o que são. Se são professoras, permanecem nas suas respectivas carreiras do início ao fim, quando se aposentam. Outras, no decorrer de suas carreiras, descobrem atalhos para mundos impossíveis de serem imaginados e assumem novos caminhos. É o caso da professora Sueli Silva que, desde que se mudou para Saquarema, descobriu um nicho de atividades ambientais super necessárias no dia a dia da escola.
Trabalhando inicialmente numa creche em Itaúna e depois em uma escola em Jaconé, Sueli iniciou pioneiramente um trabalho de reciclagem de resíduos sólidos com os alunos. Na verdade, reciclagem de lixo, sempre destacando para alunos, funcionários e professores que o lixo nem sempre é lixo! Pode ser outras coisas também e deve ser reciclado, porque pode até render dinheiro! Criadora do projeto “Nem tudo é lixo”, encontrou em Saquarema sua razão de viver, cuidando do meio ambiente.
Ela conta: “Mostrei que o lanchinho que eles levavam pra escola podia se transfomar. Transformando aquelas embalagens do lanche a gente evitava jogar o lixo na natureza. Foi assim que começou o projeto na Escola Municipal Wanderson, em Jaconé, no projeto “Da Semente ao Florescer”, da Secretaria de Educação e Cultura. Transferida para a Escola Municipal Osiris Palmier da Veiga, em Barra Nova, Sueli encontrou no Programa Mais Educação eco para seu trabalho, consolidando sua vocação para o meio ambiente. Aos poucos começou a fazer parcerias com fábricas de plástico e papelão, do Polo Industrial, em Sampaio Corrêa. Com a Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca, que cedeu terra e mudas, iniciou também uma horta na escola.
O próximo passo foi a venda do material para reciclagem para uma pequena associação, presidida pela jornalista Ilma Monteiro, em Jaconé, onde o trabalho frutificou. Em Barra Nova, estabeleceu parceria com o Centro de Desenvolvimento do Vôlei, através da CBV (Confederação Brasileira do Vôlei). Hoje, coordenando o projeto “Nem tudo é lixo”, Sueli já se destacou numa apresentação sobre resíduos sólidos na FAETEC, em Bacaxá. Atualmente, faz parte do NEA-BC, Núcleo de Educação Ambiental da Bacia de Campos, promovido pela Petrobrás, ampliando cada vez mais seu raio de influência, tanto no Centro Social Madre Maria das Neves como na Creche Renascer, na Academia Mitra, Farmácia Alexandre e Lulemar, material de construção.
TELMA CAVALCANTI
Gestora Cultural
Ela teve uma bem sucedida carreira de artista plástica na cidade onde criou a Galeria Pan 7, no Lake Shopping, no Porto Novo, e chegou a ser premiada em Salão Municipal, com um quadro retratando as magníficas ondas do mar de Saquarema. Artesã, instrutora de artes, empreendedora individual, produtora e curadora de exposições, presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Saquarema e criadora do Círculo Artístico Cultural de Saquarema (CACS), Telma é Chefe de Divisão da Subsecretaria de Cultura, vinculada à Secretaria Municipal de Educação e Cultura.
Durante anos, à frente do CACS, promoveu debates, exposições, saraus, shows de música e dança, esquetes teatrais, leitura de poemas e prêmios que consolidaram sua carreira como gestora cultural em Saquarema, representando muitas vezes o município no Fórum Cultural da Baixada Litorânea e em Conferência Estadual de Cultura. Assim, esteve à frente de várias ações da Subsecretaria Municipal de Cultura, entre elas a própria obra na Casa da Cultura Walmir Ayala, que em breve será reinaugurada, após uma grande reforma.
Filha de mãe enfermeira, Telma Veio morar em Saquarema onde se encantou com a Feira dos Artesãos na Praça Oscar de Macedo Soares, se banhou na praia de Itaúna e conheceu as ondas do surfe. Estudou pintura com o mestre Nelsinho Sorama, que por sua vez aprendeu quase todos os mistérios das cores com o grande pintor e poeta de Saquarema Antenor de Oliveira. Telma encontrou então nas pinceladas coloridas nas telas o seu santuário, até se tornar também uma produtora de eventos no município, especialmente das Feiras Culturais onde integrou às artes a culinária e outros aspectos da cultura local.
O saldo foi uma excelente gestão que abriu a porta a inúmeros atores culturais, num trabalho árduo, reconhecido hoje pela maioria dos agentes culturais da cidade. Telma é exemplo de tenacidade, que ganhou até a luta contra um câncer de mama, hoje superado com profunda alegria. Mãe de duas filhas e um caçula, Telma Cavalcanti é uma referência local, que se expande para outros municípios da Baixada Litorânea e outros espaços da Secretaria Estadual de Cultura, como o Rio Criativo, espaço de criação de cultura multiplicador de experiências notáveis.
MARCIA AZEREDO
Saquaremense legítima
Márcia Azeredo, tem 41 anos, é filha de Antonio Alves, um funcionário da Prefeitura que durante 42 anos só agregou amigos e encerrou sua bela caminhada no Departamente de Arrecadação. Filha da professora Maria Elza, Marcinha, como é conhecida, é casada com Climo Jr., de uma família tradicional de Saquarema. Mãe de duas filhas, Larissa, 24 anos e Luiza, 19 anos, ela é saquaremense de nascimento, é funcionária concursada do Município de Saquarema, professora, exercendo o cargo de diretora escolar, desde 2012.
Marcinha ingressou na área da educação em 1999 e hoje é graduada em pedagogia, especializada em gestão escolar. Apaixonada pela profissão, Marcinha diz: “Através da educação podemos transformar não só uma cidade, mas o mundo! A educação nos permite trilhar grandes sonhos. Sonho com uma educação de excelência para nossas crianças e jovens”.
Encantada com sua cidade, Saquarema, seu município de origem, é uma das mais ativas militantes da comunidade católica, no Centro de Saquarema, onde exerce um trabalho social há anos. Nos dias de festas, como o Natal, por exemplo, é comum encontrar Marcinha na distribuição de cestas básicas para os moradores carentes. Com o advogado Climo Jr., membro da Venerável Irmandade de Nossa Senhora de Nazareth, Marcinha é uma cidadã consciente de seu papel social, não apenas religioso, mas político também.
Assim, não será de estranhar que ela venha a assumir um papel relevante na vida da cidade pois considera que, cada vez mais, será necessário colaborar com uma gestão com respeito, acolhimento e acessibilidade. “Nossa cidade tem belezas naturais incomparáveis, tendo condições de alavancar o progresso, mediante a valorização dos nossos pontos turísticos, nossas festas populares e nossa cultura”.
Morena, bonita, que desde sempre acompanha as tradicionais festas religiosas da cidade, tem sido uma diretora ímpar, dedicada e sensível aos apelos da comunidade. É também uma voz destacada da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, muito atuante inclusive nos desfiles cívico-escolares, que infelizmente foram suspensos nesses tempos de pandemia. Marcinha é ativa também na Festa de Nossa Senhora de Nazareth, suspensa esse ano, e uma fiel portadora da tradição de Saquarema, em seus costumes mais profundos.
BEATRIZ PONTES
De Saquarema para Rússia
Beatriz Pontes é filha do casal Zélia e Geraldo Pontes, moradores da Serra do Matogrosso, terceiro distrito, Sampaio Corrêa. Criada no sítio da família, num espaço bucólico, cercado de árvores, sempre teve uma profunda ligação com o meio ambiente, acompanhando a militância da famíia Pontes até hoje. Beatriz é a filha caçula, cuja irmã mais velha é Bárbara, com uma diferença de idade de 15 anos.
Bem criança, estudou na escola-creche Tia Amália, na Basiléia, na adolescência no Clotilde, na Rodovia Amaral Peixoto, até ir para o Colégio Washington Luís, em Bacaxá. Muito estudiosa, aos 16 anos fez o ENEM e passou! Mas para cursar a faculdade teve que ter autorização de um juiz. Então, sim, fez o curso de Relações Internacionais na Universidade Cândido Mendes, no Rio.
Já formada, iniciou o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UERJ, onde também se graduou. Como analista de relações internacionais, foi membro da delegação brasileira que representou o país na conferência preparatória do Banco Mundial e do FMI em Washington, Estados Unidos (Spring Meetings & Civil Society Policy Forum 2015).
Especialista em política externa desde 2015, apresentou trabalho na 55 Conferência do Sul Sobre Estudos Eslavos, organizada pela George Mason University, Estados Unidos, em 2017. Sendo uma das 8 brasileiras selecionadas para participar da BRICS International School, realizada pelo Russian National Committee on BRICS Research e pelo Alexander Gorchakov Public Diplomacy Fund, estudou com bolsa integral, em Moscou, Rússia, em 2019.
Beatriz é secretária geral do Partido Socialista Brasileiro (PSB) em Saquarema e Primeira Secretaria da Executiva Estadual da Juventude Socialista Brasileira (JSB). Profunda em suas conclusões políticas, Beatriz diz: “O momento pede para que tenhamos força e coragem para lutar contra a desigualdade social que, pouco a pouco, destrói o potencial de tantas pessoas do nosso município e no país inteiro. Agradeço a oportunidade de construir uma sociedade limpa, comprometida com o bem-estar social.”