Há um lugar mágico onde moro: a rede na varanda! No Rio ou em Saquarema, é nela que nas pausas do dia a dia me refaço, leio, tenho meus devaneios e contemplo a paisagem. No Rio, na altura de um quinto andar, acima das copas das árvores, assisto aos entardeceres, ao sereno voo das gaivotas,um de retorno para o descanso noturno, com um tom poético no céu, ao despedir do dia… Em Saquarema, embalada pela brisa do mar, pela alegria dos pardais e o alegre voejar das borboletas, desestresso e reencontro a paz de espírito…
Pois bem, há tempos, estava eu na rede da varanda, quando, lendo QUINTANA, encontrei: “Tudo é volúpia.” Hein?! Tudo é volúpia? Impactada, dei um pulo da rede, e andando de um lado para o outro, refleti sobre aquela afirmação do querido poeta. E não é que ele tem razão? Os versos brotaram e escrevi o poema “VOLÚPIA”: Há volúpia / na onda que se / agiganta / e explode em espuma / num estrondoso gozo, / por todo o litoral… / Há volúpia / na estrela cadente / que cai vertiginosa / e solitariamente / no espaço sideral… / Há volúpia / no vento que uiva / a canção / desesperada, / solta na beira da estrada, / que arrasta e a tudo devasta… / Há volúpia / na luminosidade / do sol, que penetra / na escuridão da noite, / e origina a manhã… / Há volúpia / na flama da paixão, / que é dor e consumação, / delírio e prazer, / enquanto tiver que ser… / Há volúpia / no fogo da vida, / que abrasa e queima, / e teima em não morrer, / enquanto tiver que ser!… //
Pois é!… E acreditem: uns três dias depois desse poema ter nascido, assistia ao filme “Camille Claudel”, sobre a vida da famosa escultora que foi aluna e um dos amores de RODIN, quando este, em cena num jardim, diz a frase: “A volúpia está em tudo. Na cor da folhagem, na qualidade do céu.” Meu Deus! De novo?!… A inspiração continuou e escrevi os versos de “VOLÚPIA Nº 2”: Há volúpia / na atração irresistível, / no desejo incontrolável, / no beijo arrebatado, / no amor alucinado… / Há volúpia / no grito lancinante, / na respiração ofegante, / no gesto destemido, / no choro convulsivo… / Há volúpia / na dor desatinada, / na palavra exasperada, / na sonora gargalhada, / na vida desenfreada… / Há volúpia / no choro do recémnascido, / no beijo do apaixonado, / no delírio do embriagado, / no êxtase do ser amado!…
Estes dois poemas: “VOLÚPIA” e “VOLÚPIA Nº 2” foram publicados em meu livro “Mônadas”, em coautoria com José Carlos Ribeiro, em 2002 (esgotado) e agraciado com o PRÊMIO MARIO QUINTANA (POESIA) – 2009 – pela União Brasileira de Escritores – UBE-RJ.
Os referidos poemas integram, também, o novo livro “MEUS POEMAS MAIS AMADOS”, de minha autoria, pela ZMF Editora e aguarda lançamento para tão logo possamos nos ver e abraçar… quando a pandemia passar… BD