A vistoria de representantes do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) às obras da Barra Franca, paralisadas há anos, foi uma oportunidade de reunião da sociedade civil de Saquarema, particularmente pescadores. A necessidade de obras restauradoras no canal que liga a lagoa de Saquarema ao oceano, numa área conhecida como Barrinha, surgiu a partir do deslocamento das pedras do quebra-mar, o molhe da Barra Franca. Desde que a obra foi paralisada, há anos, aumentou ainda mais o risco do movimento de entrada e saída dos barcos que sofrem todo tipo de acidente.
Essa situação que já é antiga se arrasta nos escaninhos do poder público e a reunião foi um momento para a população tomar conhecimento do fato e pressionar pela retomada das obras emergenciais, já preconizadas pelo Ministério Público. Esta obra que custou aos cofres públicos do Estado do Rio de janeiro muitos milhões de reais – chegou ser a maior obra, a mais cara e a mais importante dos governos Garotinho e Rosinha – terá que ser retomada agora o mais rápido possível, pois a situação para os pescadores é insustentável.
Além da presença de vários pescadores, inclusive o presidente da Colônia de Pescadores, Matheus Souza, e do secretário municipal de Agricultura e Pesca, Welington de Matos, participaram representantes do NEA-BC (Núcleo de Educação Ambiental da Bacia de Campos), ambientalistas e ativistas socioambientais. Segundo um dos participantes, a promessa feita no local pelos técnicos do INEA à comunidade pesqueira de Saquarema é a retomada imediata das obras de retirada das pedras que rolaram para o canal Barra Franca, que já poderia começar na próxima semana.
Não será a solução definitiva para esse problema, mas já é um bom início para as negociações em torno da Barra Franca, um problema crônico na cidade. Na verdade, esta situação foi relatada até pelo naturalista francês Auguste de Saint Hilaire, que passou por Saquarema no ano de 1818, que fez um relato histórico de como a população abria com as próprias mãos, utensílios domésticos e ferramentas o canal para o encontro das águas da lagoa com o mar. É preciso retomar estudos sobre o assunto, baseados na ciência, na história, na oceanografia e no respeito ao meio ambiente, com foco no bem-estar da sociedade saquaremense.
O Jornal de Saquarema