Como forma de combate aos preconceito racial e racismo, escolas no Rio promovem debates e ações de divulgação e valorização da cultura negra para alunos, responsáveis e funcionários. Esta é uma excelente notícia, pois é exatamente pela Educação, que se torna possível a diminuição e – quem sabe? – a extirpação do racismo no mundo!
Roberta Rosa não se esquece de que, quando era estudante, “ouviu a professora pedir a uma aluna que sentasse no fundo da sala, porque seu cabelo atrapalhava a visão de quem estava atrás. Segundo ela, era a realidade de muitas jovens negras de sua geração que assumiam o cabelo “Black power”. A solução, era o alisamento. Hoje, aos 33 anos e coordenadora do ensino fundamental II do Colégio Marista São José, em Jacarepaguá, está engajada, assim como a escola, na promoção de ações antirracistas que visem a desconstruir estereótipos e ideias preconcebidas. A questão do cabelo, por exemplo, foi abordada em um painel de debates sobre o racismo e identidade, em 19 de novembro, véspera do “Dia da Consciência Negra.” Na região, outras unidades de ensino se mobilizam nessa direção.
– “O cabelo afro é símbolo de empoderamento e resistência para nós, pessoas negras. Hoje, quando vejo as meninas chegando no colégio com o cabelo armado fico feliz e orgulhosa” – comenta Roberta, em excelente matéria de Ana Beatriz Marin, na revista “Barra”, de “O Globo” de domingo, 31.10.2021.
O evento “Painel da Consciência Negra”, organizado pelo Marista, é um dos vários que o Colégio organiza desde 2015, “quando passou a desenvolver projetos que estimulem os alunos a refletirem sobre a condição do negro no Brasil e no mundo.”
– “Naquele ano e em 2016, levamos alunos do 9º ano ao Cais do Valongo (local onde desembarcaram milhares de africanos escravizados entre o final do séc. XVIII e início do séc. XIX. Lá funcionou também o mercado desses escravos), à Pedra do Sal (local onde o sal era descarregado das embarcações e aportavam nas proximidades. Passou depois a ponto de encontro de sambistas que trabalhavam como estivadores. Lá nasceu o samba urbano carioca) e à Cidade do Samba, na Zona Portuária. O objetivo foi fazê-los entender como surgiu o Carnaval e a ter uma visão menos estereotipada da festa. Eles visitaram barracões e conversaram com trabalhadores” – lembra Roberta Rosa. E continua: “Nos anos seguintes, foram organizadas visitas a outros espaços simbólicos, como o Instituto dos Pretos Novos e o quilombo S. José da Serra, em Valença, RJ.”
Mas essa “formação continuada” também é estimulada pelo Colégio pH. A rede conta com um “Programa de Convivência Ética, em que professores, psicólogos e psicopedagogos discutem, semanalmente com os alunos, temas como racismo, xenofobia, assédio e bullying. Em relação ao racismo, uma das ações adotadas em sala de aula é a leitura de obras de autores negros.”
E, segundo Vicente Delome, diretor de planejamento do pH e diretor da unidade Barra, “a cultura africana também é estudada organicamente em história, geografia e artes.”
Tão bom seria que essas mentalidades se estendessem a todas as escolas, inclusive as PÚBLICAS! Pois, só com a EDUCAÇÃO o preconceito racial e o racismo podem ser vencidos!
E não nos esqueçamos: “É o sonho que mostra o caminho.” (Gofredo Telles Junior).
O Jornal de Saquarema