Comemorando o aniversário de Charles Darwin e os 190 anos da visita do naturalista britânico em Cabo Frio, a Prefeitura preparou uma programação especial. No dia 12 de fevereiro, data de nascimento do famoso cientista inglês, foi celebrado na Fazenda Campos Novos, em Tamoios, o “Dia de Darwin”, uma série de eventos em conjunto com a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), que tem sua sede em Campos dos Goitacazes.
A programação começou às 8h, no Parque de Exposições de Tamoios, com a tradicional Feira do Produtor Rural, mas também teve exposição de artesanato, passeio de pônei e música ao vivo. Assim como Darwin fez, durante sua passagem por Cabo Frio e outros municípios da Região dos Lagos, os visitantes também poderão degustar a famosa gastronomia rural do distrito de Cabo Frio.
EXPOSIÇÃO E FEIRA
A partir das 9h acontece, teve início a assinatura do termo de cessão de uso da sede da Fazenda Campos Novos para a UENF, e dos planos de trabalho com a Escola Agrícola Nilo Batista e a Escola Professor Edilson Duarte, de Cabo Frio. As atividades contararam com a presença do prefeito José Bonifácio e do reitor da UENF, Raul Palacio. A cerimônia foi realizada na anatiga Capela de Santo Inácio, na fazenda que será totalmente restaurada.
Em seguida, foi aberta a Expo Ciência, que destacou as contribuições de Charles Darwin e trouxe coleções biológicas da UENF, além de estandes com acervos da Universidade. Atualmente existem 13 coleções, classificadas em botânicas, zoológicas e microbiológicas na UENF. Parte dessas coleções puderam ser vistas em Cabo Frio.
Houve ainda a Feira de Troca de Sementes e Saberes, com a participação de produtores rurais de outras cidades do Estado do Rio e apresentação de Thâmara Figueiredo, da UENF. Na ocasião também se realizou uma oficina com agricultores e quilombolas. À tarde, houve um palestraa e o lançamento do livro “O Brasil de Darwin – As contribuições do Brasil para a Teoria da Evolução”, do professor Luiz Mors Cabral, da UFF (Universidade Federal Fluminense), na Capela de Santo Inácio.
DARWIN NO BRASIL
Charles Darwin nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809, na Inglaterra. Ele foi naturalista, geólogo e biólogo britânico, célebre por seus avanços sobre evolução nas ciências biológicas. Darwin ficou conhecido por sua obra “A Origem das Espécies”, que contribuiu para o entendimento da evolução e, atualmente, é considerado um dos livros acadêmicos de maior influência na história.
A passagem dele pelo Brasil foi muito importante para a Teoria da Evolução das Espécies. Foi em solo brasileiro que ele se deparou pela primeira vez com a diversidade da floresta tropical e também se chocou com a escravidão, reforçando suas convicções abolicionistas de que todos os seres humanos compartilham a mesma linhagem sanguínea em razão da ancestralidade comum.
Em 1832, há 190 anos, a Fazenda Campos Novos, em Cabo Frio, recebeu a visita e teve a honra de hospedar Charles Darwin, durante sua viagem em excursão pelo interior do Rio, de 8 a 24 de abril daquele ano. Em 10 de abril ele registrou em seu diário elogios à comida, ao clima e colheu mostras de minérios no solo fértil da fazenda cabofriense.
“Em Campos Novos, comemos suntuosamente com arroz, frango, biscoito, vinho e aguardente no almoço, café à noite e café com peixe para o desjejum. Foi uma noite muito fresca e agradável. O termômetro na grama marcava 74ºF (23ºC). Saí para coleta e encontrei algumas conchas de água doce”, escreveu na época.
DARWIN EM JACONÉ
Charles Darwin esteve em Jaconé, Maricá e Saquarema, onde descobriu em Ponta Negra os famosos beachrocks”, arenitos de praia, que revelam importantes acontecimentos paleontológicos, como o choque entre as placas tectônicas que teriam originado os continentes ou subcontinentes: África, América do Sul, Antártida, Índia e Austrália. Antes só havia Gondwana, um supercontinente com rochas de 3,6 bilhões de anos. Os “beachrocks”, agora ameaçados pela construção de um porto em Ponta Negra, são registros dessa época geológica.
O filme “Pedras de Darwin. Os beachrocks de Jaconé”, do cineasta Carlos Pronzato, foi exibido na inauguração do novo auditório da Reserva Técnica do Museu de Conhecimentos Gerais, em Jaconé. Com depoimentos gravados em Saquarema, Maricá, Niterói e Rio de Janeiro, o filme é um grito de alerta, contra os já anunciados Terminais Ponta Negra, um grande empreendimento portuário que vai impedir a preservação deste sítio histórico e pré-histórico, para as próximas gerações, com graves consequências para a ciência.
Segundo a professora Kátia Mansur, da UFRJ, em depoimento no filme a perda será irreparável, caso se estabeleça o porto de Maricá naquele local por onde o jovem Darwin passou no dia 9 de abril de 1932, aos 23 anos, e descreveu pela primeira vez em seu caderno de anotações os “beachrocks” de Jaconé. Mais adiante, em seu caderno, ele também descreve o local onde pernoitou, em Manitiba, em Saquarema, onde saboreou um sopa deliciosa.
A área dos “beachroks” faz parte do Geoparque Costões e Lagunas, elaborado pela UFRJ, com apoio de várias universidades e instituições como o tradicional Conselho Britânico, do Reino Unido, e a UNESCO, órgão educativo e cultural da ONU, entre outras. O filme do cineasta Carlos Pronzato, vem se somar ao movimento SOS Jaconé, pioneiro na luta pela preservação dos “beachrocks”.
PÓLO CIENTÍFICO
Para o ecodesigner e educador ambiental José Silvestre, frequentador e surfista de Jaconé há mais de 40 anos, o costão de Ponta Negra é o habitat de várias espécies. É um ambiente com uma biodiversidade riquíssima. Uma área própia pra a prática de esportes, lazer e turismo. “Além dos estudos científicos”, como diz o ambientalista Sérgio Ricardo Verde Potiguara, co-fundador do Movimento Baía Viva. Alí “Já é um pólo científico”, diz Sérgio Ricardo no filme de 41 minutos que está disponível no canal do cineasta Carlos Pronzato, no YouTube.
O documentário também pode ser adquirido em DVD, ao custo de 20 reais, através de um PIX: 71993459952, em nome de Thadeusz Pronzato. Depois, enviar o comprovante do depósito para o Whatsapp 21 97995 7981, de Carlos Pronzato. Por sua função didática, o filme deveria ser adquirido por todas as secretarias de educação e cultura da região.