Após um longo período de obras, finalmente será inaugurado o novo auditório da Reserva Técnica do Museu de Conhecimentos Gerais, que estará aberto para reuniões, palestras e debates. É o caso da apresentação do filme “Pedras de Darwin. Os Beachroks de Jaconé”, no dia 21 de janeiro, seguida de uma roda de conversa. Segundo, Carlos Alexandre, diretor do Museu, será uma oportunidade dos convidados verem o resultado da obra do auditório, que durou 2 anos, e também assistirem o documentário do cineasta Carlos Pronzato, sobre os “beachrocks” de Jaconé, ameaçados de serem soterrados pelos Terminais Ponta Negra, recentemente anunciados.
Carlos Alexandre é biólogo, especialista em ontomologia médica, curso concluído na Fiocruz, e mestrando em museologia na UniRio. Morador de Jaconé há 12 anos, mas veranista desde 93, é casado com a também bióloga Hosana Moura, professora da Escola Municipal Ismênia Barros Barroso, pai da adolescente Nathalia, colaboradora efetiva do Museu de Conhecimentos Gerais. Estudioso de Charles Darwin, da história dos piratas na região, da histórica Confederação dos Tamoios e dos Sambaquis de Saquarema, Carlos Alexandre considera o município uma área de forte interesse ambiental, histórico e turístico.
DEFESA DO PATRIMÔNIO
Assim, nasceu a ideia do Museu de Conhecimentos Gerais que surgiu inicialmente em sua própria residência e funcionava de forma itineranante, durante eventos diversos e principalmente nas escolas. Como rato intelectual saquaremense, Carlos Alexandre foi convidado pelo cineasta Carlos Pronzato para dar um depoimento no filme “Confederação dos Tamoios: a última batalha”, premiado em 2021 com o Prêmio Direitos Humanos da OAB do Rio Grande do Sul, e posteriormente no documentário “Pedras de Darwin. Os Beachrocks de Jaconé”, realizado no final do ano passado em Jaconé, Ponta Negra (Maricá), Niterói e Rio de Janeiro.
Carlos Alexandre tem sido um defensor da vocação ambiental e turística de Jaconé. Em seu depoimento no filme ele ressalta a importância de preservar o meio ambiente local, incluindo os beachrocks em Ponta Negra, grandes pedras negras na praia, descritas pioneiramente pelo naturalista inglês Charles Darwin em seu diário, no século XIX, quando passou por essa região. O local onde se encontram os beachrocks na Praia de Jaconé deveria ser tombado como um bem ambiental e cultural, para estudos futuros e preservação da memória para nossos filhos e netos. Não é local apropriado para ser mais um porto de petróleo, como foi anunciado.
“BEACHROCKS” E DARWIN
No local, já existe o projeto do Geoparque Costões e Lagunas, da UFRJ, grande sonho da professora Kátia Mansur, da UFRJ, e outros geólogos, que conseguiram o apoio institucional do Conselho Britânico e de outras instituições científicas no Brasil e no Exterior. É de admirar que os órgãos ambientais do Estado do Rio de Janeiro tenham aprovado licença para construção de mais um porto de petróleo que na verdade será um crime ambiental, cultural, histórico, geológico e paleontológico com consequências nefastas para toda a região, principalmente Saquarema e Maricá.
O Museu de Conhecimentos Gerais, situado em Jaconé, será um espaço para esse tipo de reflexão, tendo inclusive em suas paredes a famosa exposição Darwin Now, doada pela Casa da Ciência e Conselho Britânico, em 2008, por ocasião da inauguranção do projeto “Caminhos de Darwin” que abrange vários municípios de Niterói a Campos, por onde o naturalista inglês passou. A inauguração do novo auditório será, com certeza, uma noite de inspiração.