Almerinda Farias Gama, nasceu 1899, em Maceió, Alagoas. Orfã aos 8 anos, morou com uma tia em Belém do Pará, onde se formou como datilógrafa e escreveu crônicas para o jornal A Província. Casada em 1923 com um primo jornalista, teve um filho que faleceu em 1925, e o marido pouco depois. Em 1929, mudou-se para o Rio de Janeiro, tornando-se uma das primeiras mulheres negras a atuar no sindicalismo e na política.
Filiada à Federação Brasileira pelo Progresso da Mulher (FBPM), presidido pela feminista Bertha Lutz, participou da luta pela emancipação feminina, especialmente pelo voto da mulher. Primeira presidenta do Sindicato dos Datilógrafas e Taquígrafas do Brasil, participou do II Congresso Internacional Feminista, no Automóvel Club do Rio de Janeiro. Votou na Assembléia Nacional Constituinte, em 1934, sendo a única delegada sindical feminina.
Almerinda foi uma dirigente do Partido Socialista Proletário do Brasil, porém, candidata à deputada, não foi eleita. Professora e tradutora de francês, inglês e espanhol, colaborou com vários jornais, onde publicava crônicas e poesia, além de matérias polêmicas e críticas de cinema. Em 1935, casou-se com um engenheiro com quem teve um filho, mas ambos faleceram antes dela.
Em 1942, publicou o livro de poesias Zumbi, no qual também fez as ilustrações. Tesoureira do Curso Popular Chiquinha Gonzaga, participou de show beneficiente pela criação de um ambulatório popular. Advogada, em 1949, dá uma entrevista ao Diário de Notícias sobre a oficialização da Justiça que vira manchete de primeira página: Justiça para o povo é gênero de primeira necessidade.
MILITANTE ATÉ O FIM
Almerinda foi uma das dirigentes da Comissão de apoio à Conferência de Mulheres Trabalhadoras, realizada na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Como jornalista, trabalhou no jornal O Dia e foi colaboradora de vários jornais e revistas como: O Malho, A Noite, O Jornal, Correiro da Manhã, Revista da Semana e outros. Foi ainda secretária da então recém inaugurada SUIPA (Sociedade União Infantil Protetora dos Animais).
Em 1961, publica o artigo Sapato – Artigo de Luxo, sobre a incidência de verminose nos trabalhadores. Em 1964, publica O dedo de Luciano, patrocinado pela Companhia Antárctica Paulista que distribuia o texto gratuitamente em todo o país, divulgando ensinamentos de higiene, em benefício da saúde pública. Em 1984, foi entrevistada pelo projeto “Velhos Militantes”, de 1983 e 1986, tendo integrado o livro homônimo publicado pela Zahar Editores, em 1988.
Em 1991, Almerinda foi entrevistada por Joel Zito de Araújo, que produziu o média-metragem Almerinda, uma Mulher de Trinta, premiado no Festival Guarnicê de Cinema, no Maranhão. Em 1992, é entrevistada para o documentário Memória de Mulheres, dirigido por Maria Angélica Lemos, para a organização feminista ComMulher. Na época, morava em um subúrbio carioca.
Em 1996, já morando em São Paulo, foi homenageada pela prefeitura que deu seu nome ao Prêmio Almerinda Farias Gama, de incentivo a iniciativas em comunicação social, ligadas à defesa da população negra. Amerinda faleceu em 31 de março de 1999, em São Paulo.