A obra emergencial no Canal da Barra Franca foi paralisada e, segundo os pescadores, vem prejudicando muito a vida daqueles que vão para o mar em busca de seu sustento e de suas famílias. O boato de que a obras contratadas pela Prefeitura haviam sido embargadas começou a circular no dia 7 de março, através de aplicativos de mensagens, via internet. O movimento SOS Barra Franca, criado no final do ano passado, para defender a realização de obras emrgenciais no Canal da Barr/a Franca que se encontrava totalmente assoreado, foi o primeio a gritar. Foi acionado o grupo jurídico do movimento, que constarou a paralização da obra, até que fossem juntados aos autos documentações pertinentes à obra.
Foi apurado também que o prazo correu e não houve recurso por parte da contratante e da contratada (INEA e Dimensional Engenharia, respectivamente) e, sendo assim, foi cumprido o mandado de execução provisório da sentença pela 1ª Vara Federal de São Pedro da Aldeia. Na época, o INEA(Instituto Estadual do Ambiente), órgão vinculado ao governo do Estado através da Secretaria Estadual do Ambiente, respondeu explicando, por petição, sobre as razões da obra e suas justifidativas técnicas.
DUAS OBRAS DIFERENTES
Porém, segundo o jurídico do Movimento SOS Barra Franca, a empresa que consta nos autos é a CARIOCA CHRISTINI NIELSEN ENGENHARIA LTDA, responsável pelo obra realizada e interrompida em 2014, e não por esta obra emergencial agora paralizada. A obra de 2014 está no processo atual como executada, dando a entender que o autor da ação, Ministério Público Federal (MPF) colocou a obra emergencial e a obra antiga no mesmo processo, apesar de serem completamente diferentes. Segundo o movimento SOS Barra Franca, o fato concreto é que “temos mais uma obra paralisada! Só que desta vez com riscos reais à população, principalmente aos pescadores que sofrem ao bater nas pedras que rolaram do molhe da Barra Franca, obstruindo o canal, provocando grandes prejuízos e causando até morte de um pescador no local.
Para o pescador artesanal Mathes da Colônia, as pedras que rolaram no canal tinham que ser retiradas o mais rápido possível, porque dentro da comunidade pesqueira são cerca de 120 pescadores que vão diretamente ao mar, com seus barcos, e têm dificuldade de usar o canal que está se fechando, colocando os pescadores em risco. “Alí o Marlon, pescador local, já perdeu um barco; André Pescador também já bateu nas pedras e perdeu 50 mil reais! Eu também já bati” desabafa Matheus que é filho e sobrinho de dois pescadores históricos em Saquarema: Anolfo e Ito.
AS PEDRAS VÃO ROLAR
E garante que a parallização da obra emergencial foi o pior que poderia ter acontecido, porque as pedras vão rolar de novo e o canal vai fechar outra vez. Também, o descarte da areia que foi retirada do canal na Praia do Gravatá não foi incorreta, pois em várias localidades na Região dos Lagos, foi feita a engorda de praias com areia retirada do fundo da Lagoa de Araruama. A própria Lagoa de Araruama foi dragada e grandes volumes de areia serviram para engordar praias em São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande e outras da região.
“No Boqueirão, o mar fez um buraco gigantesco bem perto do asfalto. É até bom colocar a areia que foi jogada dentro da Lagoa de Saquarema pelo próprio mar nos locais que necessitam”, explica Matheus, baseado em sua experiência própria. ““A areia do fundo da lagoa, que estava sendo descartada na praia, era preta porque o fundo da lagoa é escuro mesmo, porque tem muita folha em decomposição, mas a areia vai clareando com o tempo, com as chuvas, isso é normal”, finaliza ele.
A obra emergencial parou, é verdade. Mas a cada dia que passa ficar mais difícil a situação dos pescadores locais, que estão buscando uma solução para que eles possam enfim trabalhar sossegados e com segurança. Quando saem para o mar, esbarrando nas pedras, não têm certeza se irão conseguir voltar pra casa em paz ou se seus barcos serão avariado ou não. No canal da Barra Franca cada vez mais fechado, os pescadores saem mas não sabem se voltam. Um drama que só eles mesmos podem avaliar e esclarecer. É preciso ouvir os pescadores que são, neste caso, os mais atingidos e os que têm o maior conhecimento da causa.