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E o Divino voltou!

A vibrante procissão nas escadarias da Igreja Matriz de N. Sra. de Nazareth. (fotos: Dulce Tupy)

A Festa do Divino Espírito Santo é uma tradição em Saquarema. Segundo o mestre Darcy Bravo, autor do livro “Minha Terra”, hoje uma raridade, o Divino foi introduzido no município pelo Vigário Padre Antonio Moreira e a primeira festa foi presidida pelo Senhor Tomaz Cotrin de Carvalho em 1769, fazendeiro abastado, que às suas expensas construiu o coreto denominado Império e doou para a Igreja os objetos litúrgicos, como a Corôa de Prata, o Resplendor do Divino Espírito Santo, o Bastão e demais indumentárias”.

Há dois anos sem acontecer em sua plenitude, a Folia do Divino retornou esse mês com toda a pompa! Para começar, a saída da procissão foi no atual Centro de Memória, antiga casa do casal Dona Nair e Seu Casimiro, na esquina da Rua Barão de Saquarema. Muito bem decorada pelo artista plástico Nelsinho, com rosas e fitas vermelhas, o Divino se iniciou com uma exposição de seus adereços, bandeira e estandarte logo na entrada, onde os convidados eram recebidos pelo própriio Nelsinho e pelo secretário municipal de Cultura, Manoel Vieira.

Aos poucos, foram chegando todos os devotos, além dos personagens que compõem a procissão: o pequeno imperador e as princesas, a banda e o grupo de folliões, entre outros. O casal de festeiros do ano, ele com a corôa e ela com a bandeira, também estavam a postos. Quando foi montado o “quadro” do Divino na rua em frente à casa, a procissão teve início, com hinos e cantos típicos da ocasião.

A caminhada até a escadaria da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazareth foi suave, mas a partir daí, alguns idosos começaram a parar para descansar, recuperar o fôlego e chegar até o átrio da Igreja, de onde se tem uma das vistas mais bonitas de Saquarema. A Igreja já estava lotada, com os devotos que se anteciparam à procissão. Depois da entrada de todos e todas, lotando ainda mais a Igreja até o altar, finalmente começou o desfile das jovens com sua suas bandeiras brancas anunciando o sentido da festa, o conhecimento, a fé, anunciando o cortejo solene da entrada do padre.

ALMOÇO COMUNITÁRIO

Tudo muito emocionante até o final! Na descida, a procissão desceu rumo à benção da mesa, realizada mais uma vez em frente à sede da Paróquia. Esse ritual antiquíssimo, hoje está praticamente extinto no Estado do Rio de Janeiro, mas ainda resiste em Saquarema. Um almoço foi servido no Centro de Memória, onde até os moradores de rua tiveram entrada, como ocorria nas antigas festividades da Igreja.

Conta-se até que em antigos cortejos do Divino, a procissão parava em frente à Delegacia e soltava um ou mais presos! Este ano não se chegou a tanto, mas o sentido profundo da festa foi resgatado, para benefício da tradição religiosa saquaremense. Essa festa popular, que resiste a todo tipo de modernidade, é um dos traços mais significativos da herança cultural do povo de Saquarema. É preciso manter os cantos lindissimos e o ritmo do tambor, tão bem tocado pelo folião Jorginho da Bandeira. São momentos de rara sensibilidade e beleza, que encantam não só os devotos, mas a cidade inteira.

O secretrário de Cultura Manoel Vieira e o diretor do Centro Cultural, o artista plástico Nelsinho

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