A Conferência Livre Estadual de Meio Ambiente e Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, a CLEMAARJ, se realizou no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói. A Clonferência que iria se realizar em 2020 foi adiada por dois anos, devido à Pandemia de Covid. Mesmo assim, conseguiu manter ativados todos os seus contatos e ativistas que participaram presencialmente ou através da internet, remotamente. Foi uma emoção muito forte para nós, ativistas ambientais de Saquarema, participarmos da CLEMAARJ, no dia 25 de junho, onde fomos em grupo, numa van promovida pelo Subcomitê das Lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá, vinculado ao Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBH-LSJ).
A CLEMAARJ mobilizou 150 entidades da sociedade civil organizada, entre elas o SENGE (Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro), que faz parte da coordenação da Conferência, e teve cerca de 400 inscritos, entre eles o FEEA, Fórum Estadual de Engenheiros Agrônomos, o CREA-RJ, Conselho Regional de Engenharia e Agricultura, o ONDAS, Observatório Nacional do Direito à Água e ao Saneamento, o Ecocidade/Apedema, a ONG Baía Viva, a Defensores do Planeta, o Sindsprev, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro e outras instituições. Tendo como foco a questão ambiental e a agroecologia, a CLEMAARJ se realizou sob o impacto do assassinnato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, na Amazônia.
RESPOSTA AO RETROCESSO
“É importantíssimo reunirmos tantas instituições, para construirmos juntos uma resposta a esse cenário de retrocessos e violência”, afirmou na ocasião um dos coordenadores, Jorge Antônio, diretor do SENGE-RJ. O oceanógrafo Admir Amanajás, especialista em gestão costeira e unidades de conservação, de ascendência indígena, fez uma manifestação em homenagem aos dois mártires da luta ambiental, assassinados na Amazônia. Os documentos básicos da Conferência (clemaarj.org), construídos coletivamente ao longo do tempo e disponibillizados no site da Conferência, foram apresentados, debatidos e aprovados.
Na abertura do evento, foi apresentada uma atividade cultural musical, um verdadeiro chamado à consciência ambiental. Em seguida, foram apresentados os resultados dos trabalhos realizados pelas Comissões Temáticas remotamente nos últimos dois anos. A socióloga Ofélia Ferraz, coordenadora da Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro (APSERJ), que coordenou dois temas, “Mulheres e Meio Ambiente” e “Educação Ambiental e Cultura”, destacou que “a pandemia afetou principalmente as mulheres donas de casa, trabalhadoras que tiveram que ficar com seus filhos no isolamento e muitas perderam o empreto ou passaram e passam fome”.
A jornalista Dulce Tupy, editora do jornal O Saquá e membro do CBH-LSJ, participou da elaboração e redação final da Câmara Técnica “Mulheres e Meio Ambiente”, com um estudo sobre sobre “Gênero e Água”, entre outros apresentados por especialistas, inclusive um sobre mulheres prisioneiras nos cárceres. Segundo a socióloga Ofélia Ferraz, “A CLEMAARJ é um coletivo social que tem a finalidade de não deixar que os assuntos ligados à preservação do meio ambiente e da sociedade caiam em esquecimento”. Todos os temas debatidos durante as Pré-Conferências estão publicados no site da CLEMAARJ.
RUMO À RIO+30
A Conferência surgiu em 2019, como reação à falta de governança do atual governo federal, em relação à natureza, saneamento básico, clima outros aspectos, reunindo ativistas e entidades que atuam no setor. Assim, a CLEMAARJ se empenhou na luta contra a derrubada da Floresta do Camboatá e no momento está dedicada à preparação da Rio+30 e aos ODS, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, propostos pela ONU, Organização das Nações Unidas. Segundo Ofélia, “temos que fazer com que a sociedade entenda a importância de uma economia que não seja tão desagregadora como a atual no Brasil; atuamos em defesa de uma economia solidária e do bem-estar, diferente do capitalismo selvagem que estamos vivendo”.
Produtores do Fórum de Economia Soidária estiveram presentes comercializando artesanato, inclusive indígenas da Aldeia Maracanã. Os temas apresentados foram: Água e Saneamento, Resíduos Sólidos, Agricultura e Agroecologia, Agricultura Urbana, Energia, Dívida Pública, Mudanças Climáticas, Juventude, Esportes, Educação Ambiental e Cultura, Cannabis Medicinal e Justiça Ambiental, este ítem apresentado por José Miguel, ambientalista histórico, coordenador da Ecocidade e Apedema. O Fórum de Economia Solidária de Niterói ofereceu lanches e houve ainda um café solidário.