A Campanha ‘Nem um poço a mais’, do Espírito Santo, desembarcou em Saquarema no mês de agosto, quando se reuniu com um grupo de ativistas do movimento SOS Porto Não, em Jaconé, e várias ONG (Organizações Não Govenamentais) na Colônia de Pescadores Z-24. Convidada pelo ambientalista Vinícius Mendes, da Associação Raízes, vinculada ao NEA-BC (Núcleo de Educação Ambiental da Bacia de Santos), subsidiado pela Petrobras, a Campanha foi representada pelo coordenador da FASE (Fundação de Atendimento Socio-Educativo), Marcelo Calazans .
A Campanha vem sendo desenvolvida no Espírito Santo e em vários estados litorâneos que vem sendo ameaçados pelas futuras instalações de portos, sem a anuência da população que acaba sendo envolvida, sem consciência dos riscos que a indústria portuária traz, ao se instalar em qualquer localidade. Aqui, membros representantes da Campanha ‘Nem um poço a mais’ já haviam se reunidos com um grupo do movimento SOS Porto Não, que combate o projeto dos Terminais Ponta Negra, em Jaconé.
O designer José Silvestre e o professor de geografia Víctor Frias, que participaram do documentário ‘Pedras de Darwin. Os Beachrocks de Jaconé’, dirigido pelo cineasta argentino-brasileiro Carlos Pronzato, com produção executiva do jornal O Saquá e Tupy Comunicações, foram os primeiros a chegar na reunião que mobilizou pescadores e lideranças ambientais do município, como a professora Sueli Silva, do projeto de educação ambiental ‘Nem tudo é lixo’, membros da Associação Raízes e do NEA-BC, vinculados à Petrobras, Iza Paz, da Associação dos Trilheiros e do Saquarema Bureaux de Turismo, comunicadores populares e outros.
NEM UM PORTO A MAIS
Durante a reunião, foram apresentados e discutidos os danos ambientais e sociais da implantação de portos nos municípios, como ocorreu no Porto do Açu, no Norte Fluminense, quando os moradores foram obrigados a sair de suas casas para abrir espaço para a indústria petrolífera, que geralmente também traz outros problemas sociais, além da ocupação desordenada do solo, como a prostituição e o aumento da criminalidade, como ocorreu em Macaé. Sendo assim, o Porto de Jaconé vem sendo combatido pelos moradores de Saquarema e Maricá, que consideram um absurdo permitir um porto num local paradisíaco, como Ponta Negra, com vocação turística e não industrial.
Além disso, a existência dos beachrocks na praia e no fundo do mar, que foram descritos pelo cientista inglês Charles Darwin, após uma visita ao local em 1832, deveria ser um impedimento legal, visando a preservação do sítio histórico e geológico que poderia abrir por exemplo um museu natural! Verdadeiro criadouro de pesca, o Costão de Ponta Negra é um marco na região hoje compreendida como Geoparque Costões e Lagunas que vai desde Jaconé, em Maricá, até Bom Jesus de Itabapoana, no Norte Fluminense.
Na ocasião, foi selada uma aliança entre os ambientalistas locais com o representante da FASE, do Espírito Santo, visando uma futura ação coletiva contra a instalação dos portos, sem a concordância dos moradores da região, gerando enormes prejuízos à população. Portos nem sempre são bem vindos, como apregoam sempre divulgando as vantagens de geração de emprego, mas a que custo? É esse dilema que está em jogo. Fazer porto para que os seus donos ganham mais dinheiro, às custas do povo ao qual é prometido emprego, sem a certeza de ter realmente oportunidades profisisonais?
O tempo é soberano e vai dizer se é necessário mesmo a construção de tantos portos no litoral brasileiro que já tem uma sobrecarga de portos, muitos poluindo as praias, gerando desastres ambientais e proporcionando lucros gigantescos apenas para seus donos, alguns poucos capitalistas. A campanha ‘Nem um poço a mais’, da FASE, bem poderia ser também ‘Nem um porto a mais’, como é o nosso caso aqui em Saquarema.