Há fatos na vida que são inesquecíveis: pela sua originalidade, pelo seu mistério. Este, aconteceu em um asilo para idosos em Providence, Rhode Island (EEUU) e foi noticiado pelos jornais em 2007, e objeto de um artigo sobre o tema pelo Dr. David Dosa, que trabalhava no asilo, para a respeitada revista científica “New England Journal of Medicine”.
O fato é o seguinte: quando o gato Oscar visitava um dos residentes do citado asilo para idosos, toda a equipe da casa se preparava para o pior. É que Oscar indicava, com algumas horas de antecedência, quando alguém estava prestes a morrer. “Como um verdadeiro anjo da morte, ele se enroscava junto ao paciente e só o deixava no momento do desfecho”, segundo Roberta Jansen, em um artigo publicado no jornal “O Globo”, de 27/07/2007.
Nos dois anos em que vivia no asilo, “o gato esteve no leito de 25 pacientes pouco antes das suas mortes”… conforme o geriatra David Dosa.
– “Não acho que seja nada de espiritual” – frisou Joan Teno, uma especialista da Brown University, que também atendia pacientes no asilo. “Provavelmente deve haver uma explicação bioquímica .”
Seja como for, o mistério permanece. E mistério é mistério. “A vida não é entendível… Tudo é mistério… Todos os meus livros só dizem isto.” (Guimarães Rosa)
Há cerca de seis mil anos, no Oriente Médio, o gato passou a fazer companhia para o homem. Tumbas do antigo Egito estão cheias de referências a gatos, prezados não só como animais de estimação, mas adorados como divindades.
Mas na Idade Média, com a Inquisição em sua caça às bruxas, relacionadas aos rituais de fertilidade, passou a perseguir também os gatos por sua associação às mulheres. Diversos animais foram queimados em fogueiras. Nessa época surgiu o mito de que o gato preto é sinal de mau agouro e um extermínio em massa se seguiu.
Apesar disso, Montaigne é um dos destaques na galeria dos felinófilos históricos, assim como Shakespeare, Petrarca, Lincoln, Balzac, Dickens (cuja gata determinava a que horas seu dono devia ir para a cama, apagando com a patinha a vela que iluminava a escrivaninha do romancista), Victor Hugo, Henry James, Poe, Colette, Hemingway, Churchil, Guimarães Rosa, Doris Lessing, Joyce, Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Maomé e outros mais.
“Divido as pessoas entre as que gostam e as que não gostam de gato. Eles são independentes e escolhem a quem se afeiçoar. No Museu das Imagens do Inconsciente, recomendava que os clientes os acariciassem para redescobrir o afeto.” (Dra. Nise da Silveira)
O Jornal de Saquarema