Em Campo Maior, no Piauí, a sangrenta Batalha de Jenipapo consolidou a Independência do Brasil
A Batalha do Jenipapo foi uma sangrenta batalha e um dos momentos mais importantes da independência do Piauí e do Brasil. Ocorrida há 200 anos, no local hoje conhecido como município de Campo Maior, perto de Teresina, noPiauí, a Batalha do Jenipapo foi entre brasileiros, adeptos de D. Pedro I, e portugueses fiéis a Dom João VI.. Há 200 anos, no dia 13 de março de 1823, às margens do Rio Jenipapo, brasileiros se juntaram, homens ricos e pobres, camponeses e donos de terras, mulheres e jovens, empunhando foices, facões e enxadas, para lutar contra as tropas do major Fidié, militar de carreira que combatera Napoleão Bonaparte em Portugal.
Enviado por Dom João VI, o major Fidié veio defender o norte do Brasil, com armas e soldados bem treinados, visando uma possível divisão territorial. O norte já se comunicava diretamente com Portugal. E Portugal queria manter esse vínculo sem passar obrigatoriamente pelo Brasil, recém declarado independente pelo próprio filho, Dom Pedro I.
O Grito do Ipiranga proclamado em São Paulo por Dom Pedro, declarando a Independência do Brasil, em 1822, vinha sendo questionado em algumas partes da antiga colônia de Portugal, como ficou comprovado com a Batalha do Jenipapo, no dia 13 de março no Piauí, e a Independência da Bahia, no dia 2 de julho, ambas em 1823. Assim, os piauiaenses resolveram se defender dos portugueses, mas numa luta desigual, pois os soldados de Fidié tinham armas e até canhões. Foi um massacre!
Foi preciso muita astúcia do povo piauiense, apoiado por cearenses, para finalmente prender Fidié e enviá-lo para o Rio de Janeiro. Mais tarde, Fidié foi devolvido a Portugal, onde morreu.
Em rápidas linhas pode ser contada a história deste fato heróico, pouco conhecido nacionalmente, mas e comemorado todos os anos no Piauí onde existe um monumento em homenagem aos heróis da Batalha de Jenipapo e um cemitério simples com sepulturas feitas de pedras marcando as covas dos heróis anônimos, mas destemidos!. Este ano, o ex-governador Wellington Dias, hoje ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, participou das comemorações dos 200 anos da Batalha do Jenipapo, ao lado do governador Rafael Fonteles e de representantes do Exército, do Legislativo e do Judiciário. Dois descerramentos de placa em memória e homenagem à batalha e seus heróis foram realizados: uma no Cemitério dos Heróis, feita pelo Governo do Piauí, e outra na entrada do Monumento da Batalha do Jenipapo, produzida pelo Exército brasileiro.
O próprio presidente Lula gravou uma mensagem pelo bicentenário da Batalha do Jenipapo, que foi veiculado durante o evento festivo. Na ocasião, o governador Rafael anunciou que 200 escolas terão tempo integral lno Piauí. E, em seu discurso, o ministro Wellington Dias reforçou o trabalho do Governo Federal nas lutas atuais contra a fome, a pobreza e a miséria.
Além de um desfile militar, a solenidade teve a apresentação de uma a peça teatral “A Batalha do Jenipapo”, que já ocorre há 25 anos. Porém, na nova montagem, a peça contou com o maior elenco de sua história; 170 atores! Diretor da apresentação há dez anos, Franklin Pires não escondeu a emoção. “É gratificante contar a história dessas pessoas humildes que morreram lutando por nós”, afirmou o diretor.
O influenciador digital, comediante e ator piauiense Whindersson Nunes divulgou um texto numa rede social informando que vai fazer um filme sobre a Batalha do Jenipapo. E, fazendo piada, disse: “quase vocês teriam aqui no lugar do nordeste uma uma colônia de Portugal… Hoje eu posso dizer: sou brasileiro! (Os portugueses) atiraram tanto, mataram tanto, que desistiram pelo cansaço, pelo calopr da minha terra! As tropas portuguesas se retiraram. Só ficou morte e túmulo! Por que o Brasil não celebra isso?”
Em Saquarema, um piauiense comemora todos os anos a Batalha do Jenipapo. Trata-se do repórter fotográfico Edimilson Soares que tem vários livros sobre o assunto. Com espírito de colecionador, Edimilson tem até uma história em quadrinhos feita por dois irmãos: o historiador Bernardo Aurélio e o desenhista Caio Oliveira. E a fonte mais antiga sobre a Batalha do Jenipapo: o livro “A Guerra do Fidié, uma epopéia brasileira na luta pela independência”, do historiador Abdias Neves, editada pioneiramente em 1907, pela Livraria e Tipografia Veras, em Teresina, Piauí.