O artista plástico Fernando Pacheco tem duas casas e dois ateliers, um em Belo Horizonte, Minas Gerais e outro na praia de Barra Nova, em Saquarema, Rio de Janeiro. Cidadão do mundo, que já expôs na Europa e na Ásia, Fernando Pacheco passou a virada do Ano 2024 em Saquarema, onde sai um pouco de sua rotina de pintar grandes telas para se dedicar a recolher na areia da praia e nas ruas garrafas e tocos de madeira que pinta com maestria, recriando formas que o próprio suporte sugere, como um prego reaL, fincado numa cabeça branca recém pintada por ele.
Fernando é assim, um criador por excelência, ativo 24 horas, ao lado da esposa e companheira de todas as horas, a produtora e marchand Nina Pacheco, que cuida carinhosamente de sua carreira. É ela, por exemplo , que fala sobre a agenda da Fernando em 2024, que inclui a confecção da identidade visual do bloco carnavalesco Bartucada, que sai em Belo Horizonte com mais de 5 mil integrantes. No samba do bloco, Fernando é citado nominalmente e estará presente no desfile nos abadás (camisetas dos blocos) e no trio elétrico. Uma experiência até então inédita para ele!
OUTROS HORIZONTES
Na entrevista feita na casa/atelier em frente à Praia de Barra Nova, Nina retoma a agenda de Fernando pela mega exposição que ele fará ainda no primeiro semestre no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, um prédio histórico em BH. Serão cerca de 60 telas pintadas especialmente para o evento, ele que já tem um painel no aeroporto de Betin, obras em grandes museus do país e do mundo, inclusive nos Estados Unidos e na China, reconhecimento nacional e internacional. Artista e ambientalista, ano passado, Fernando Pacheco recebeu três troféus, um em João Pessoa, como personalidade nacional, e mais dois, incluisve um por sua ação no meio ambiente, concedido pela ONG Zeladoria do Planeta, em Minas Gerais.
Este prêmio de gestão ambiental se deu por seu combate incessante contra o fogo que gera o desmatamento, quando chegou a gravar vários vídeos com o tema “não deixa o fogo apagar a vida”! Esse prêmio também foi concedido a uma empresa do Vale do Jequitinhonha, pelo artesanato de barro e a sua atuação em inclusão social. Em seu atelier na Pampulha, bairro icônico de Belo Horizonte, bairro que, devido às obras do arquiteto Oscar Niemeyer e painéis de Portinari, recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, Fernando Pacheco trabalha há 36 anos, incluindo formação artística, reciclando papelão de embalagens para fazer pinturas, o reaproveitamento de material.
PAIXÃO PELA PRAIA
Veranista durante a infância e adolescência, Fernando frequentou Saquarema desde sempre com seu pai, que ganhou o título de “Cidadão Saquaremense” concedido pelo então vereador Derval Antunes Pinheiro, recém falecido e que hoje dá nome à Praça do Bem Estar na orla da Lagoa de Saquarema, no Centro, membro de uma numerosa e tradicional família local. Logo depois de casados, Fernando e Nina compraram um terreno na praia, em Barra Nova e construíram uma casa/atelier em frente ao mar, onde passaram longas temporadas com os dois filhos.
“Ainda não tinha asfalto, nem telefone, nem nada!”, lembra Nina. Mas as crianças adoravam a liberdade de soltar pipas e andar a pé até a Vila e voltar mais tarde… Hoje, o casal está empenhado na preservação da Lagoa das Marrecas, nos fundos de sua casa, cujo terreno vai até a Av. Nossa Senhora de Nazareth. “Aqui o pessoal joga todo tipo de lixo, até móveis”, se surpreende Fernando completando: “colocaram uma placa alí dizendo que é proibido jogar lixo, mas roubaram a placa. Impressionante!”.
ATELIER EM MOVIMENTO
Ano passado estreiou o filme “Fernando Pacheco, atelier em movimento” do cineasta mineiro Fernando Batista, num cinema histórico em Belo Horizonte. O filme superou todas as espectativas. Filmado em Minas e também em Saquarema-RJ, a estréia arrancou aplausos do público, no tradicional Cine Santa Tereza. Fernando é assim: um enorme talento, 24 horas artista, seja onde for! Aqui na praia, sonha com a possibilidade de expor novamente em Saquarema, onde mora às vezes durante 6 meses, onde já expôs uma vez no foyer do Teatro Mário Lago. Fernando quer mais agora: uma exposição na Casa da Cultura Walmir Ayala, incluindo o material que recolhe na praia e que ele pinta e recria magistralmente.