O V Workshop do Geoparque Aspirante Costões e Lagunas aconteceu em Macaé, dia 19 de junho. O objetivo foi preparar a recepção aos avaliadores da UNESCO que chegarão em julho e poderão chancelar o atrativo como Geoparque Mundial. Como verdadeiro reconhecimento internacional, o título abre espaço para diversas atividades turísticas, ecológicas e científicas no litoral do Rio de Janeiro, desde a Região Metropolitana, passando pela Região dos Lagos até o Norte Fluminense, abrangendo 16 municípios.
A quinta edição do Workshop do Geoparque Aspirante Costões e Lagunas aconteceu no dia 19 de junho, na Cidade Universitária de Macaé. O evento gratuito e aberto ao público teve como objetivo realizar uma Oficina de Trabalho para debater a recepção à missão dos avaliadores da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO ), Artur Sá (Portugal) e Miguel Cruz (México), que visitarão o geoparque na segunda quinzena de julho. A dupla irá analisar as condições para conceder ao atrativo natural e cultural o título de Geoparque Mundial, chancela de prestígio internacional que valoriza boas práticas de gestão territorial, reconhece o patrimônio existente e promove o desenvolvimento local.
O Geoparque Aspirante Costões e Lagunas, que soma quase 11 mil km², reúne 16 municípios da região e é replerto de atrativos naturais e históricos, indo de Maricá, na Região Metropolitana, a São Francisco de Itabapoana, no limite com o Estado do Espírito Santo. Em novembro de 2023, o Conselho Gestor do Geoparque Costões e Lagunas submeteu um dossiê à UNESCO para tornar o Geoparque Aspirante Costões e Lagunas em Geoparque Mundial. Em março de 2024, com a aprovação do material enviado, o sítio foi considerado Geoparque Aspirante UNESCO, portanto, apto a receber a missão oficial de avaliação.
“Estamos dando continuidade ao trabalho da professora Katia Mansur (UFRJ), idealizadora do Geoparque, que reuniu ao longo de mais de 15 anos informações da geologia, da cultura regional, entre outras, para mostrar os municípios de Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Carapebus, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Macaé, Maricá, Quissamã, Rio das Ostras, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, São Pedro da Aldeia e Saquarema a importância de se conhecer e preservar essas riquezas minerais que traduzem a história da formação do nosso continente e a separação da América do Sul do continente Africano”, comenta Marco Navega, presidente do Condetur Costa do Sol.
O evento tem a coautoria e o apoio do Condetur Costa do Sol, do Contur da Costa Doce, além da SETUR-RJ, TurisRio, UERJ, UENF e das prefeituras dos 16 municípios que integram o Geoparque. O patrocínio é da FAPERJ e da UFRJ (Pró-Reitoria de Extensão).
GEOPARQUE ASPIRANTE
COSTÕES E LAGLUNAS
Criado em 2011, o geoparque soma mais de 460 km de litoral, indo de Maricá à São Francisco de Itabapoana. Compreende áreas de interesse científico, didático-pedagógico, turístico, histórico, pré-histórico e ecológico, espalhando-se por 16 municípios. Cerca de 15% de toda a área corresponde à Unidades de Conservação estadual ou federal, além de espelhos d´água de lagoas e lagunas. Entre os atrativos estão o Mangue de Pedras, a Ponta do Pai Vitório e a Ponta da Lagoinha, em Búzios; as dunas Mãe e do Peró, em Cabo Frio; a Ilha do Farol e o Pontal do Atalaia, em Arraial do Cabo; e o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (Macaé, Carapebus e Quissamã), além da Lagoa de Araruama, que banha seis cidades da região. E ainda, na Praia de Jaconé, com parte em Maricá e parte em Saquarema, encontram-se os “beachrocks”, descritos pioneiramente pelo cientista inglês Charles Darwin, criador da Teoria da Evolução.
Os “beachrocks” são arenitos de pedras no fundo do mar e na areia da Praia de Jaconé, em Ponta Negra, Maricá, que contam a história da humanidade, a história do planeta, por ocasião da formação dos continentes e do oceano Atlântico. Apesar dessa importância histórica, geográfica e geológica, os “beachrocks” estão ameaçados de extinção, para abrir espaço ao Porto de Jaconé, um empreendimento particular, contestado pela maioria dos ambientalistas locais, alguns deputados estaduais, poucos vereadores locais e pela Igreja Católica, através das Pastorais da Ecologia Integral Leste 1 CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
O objetivo da criação do geoparque e da busca por chancelas mundiais é a conservação de uma área com beleza e conteúdo geocientífico singular. O sítio compreende costões com mais de dois bilhões de anos de história geológica, flora e fauna endêmicas e lagunas hipersalinas. Vestígios arqueológicos e sítios de interesse histórico e cultural também fazem parte do geoparque, em especial, os relacionados às primeiras povoações brasileiras, à exploração do pau-brasil, à invasão francesa em Cabo Frio e ao caminho dos Jesuítas.
Riquíssima, a região foi registrada nas passagens de naturalistas como o príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied e Auguste Saint-Hilaire, além de Charles Darwin. E ainda tem os faróis, as histórias dos naufrágios, as construções tombadas, as lendas e os mitos contadas pela população caiçara e quilombola. Além do Workshop, Na UENF, em Macaé, realizou-se a mostra fotográfica “Pelos caminhos de Maricá” e uma exposição de artesanatos. Maricá também receberá, em julho, a comitiva da UNESCO que virá para conhecer e avaliar essas áreas de interesse em Itaupuaçu e Ponta Negra, cujos acessos receberam placas indicativas.
MARICÁ PORTA DE ENTRADA DO GEOPARQUE COSTÕES E LAGUNAS
Segundo o jornal Maricá Info, após a visita dos membros da UNESCO, o município de Maricá poderá receber então, nos próximos meses, um credenciamento da ONU, que torna a cidade a porta de entrada do Geoparque Costões e Lagunas, um patrimônio geológico que abrange áreas de interesse científico, didático-pedagógico, turístico, pré-histórico e ecológico. As duas placas indicativas instaladas em pontos estratégicos de acesso a áreas de interesse ficam em Itaipuaçu e Ponta Negra. A comitiva da UNESCO virá a Maricá na segunda quinzena de julho, para conhecer e avaliar os pontos indicados e sua preservação.
A colocação das placas em Maricá foi feita pelo DER-RJ (Departamento Estadual de Estradas de Rodagem), com a supervisão da Secretaria de Turismo e de integrantes do projeto Geoparque. A comitiva da UNESCO vai conhecer locais como o Caminho de Darwin, a Fazenda Itaocaia, o Farol de Ponta Negra e a Gruta da Sacristia, em Maricá. Um dossiê explicando a relevância desses locais foi aceito pela UNESCO e gerou o interesse pela visita. Para o Movimento SOS Porto Não! Que reune ambientalistas de Saquarema e Ponta Negra, seria fundamental também que a comitiva da ONU conhecesse os “beachrocks”, descritos pioneiramente por Charles Darwin”, em sua passagem pela região.
Segundo um dos coordenadores do projeto Geoparque Costões e Lagunas, conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que engloga outras instituições federais e estaduais, Jhone Caetano Araújo, “Maricá tem de fato um patrimônio geologico de alto valor. “A cidade tem um pedacinho do continente africano em sua costa, como a Gruta da Sacristia, composta por rochas que têm entre 500 milhões e 2 bilhões de anos de existência. O registro da passagem de Charles Darwin por aqui também terá um peso de importância nessa decisão”, acredita o coordenador.
VISITA TÉCNICA DA UNESCO
Portanto, na visita oficial da UNESCO só faltou incluir os “beachrocks” descobertos por Charles Darwin, na Ponta Negra, na Praia de Jaconé, em Maricá, limite de Saquarema, tendo inclusive alguns pedaços já registrados no Museu Nacional (UFRJ), na Quinta da Boavista, descobertos no Sambaqui da Beirada, em Barra Nova, bairro de Saquarema, onde já existe um pequeno museu arqueológico. Geoparques podem ser considerados como soluções do Século 21, para geoconservação de áreas relevantes, a partir do uso geoturístico e educacional e do comprometimento das populações residentes no território.
O Geoparque Costões e Lagunas inclui 15 municípios fluminenses e deverá ter Maricá como porta de entrada. A UNESCO é a entidade promotora deste programa internacional desde 2015. A entidade considera os geoparque áreas com significância internacional e são geridos com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Em março de 2024, o Conselho Executivo da UNESCO divulgou a aprovação de 18 dossiês mundiais, que foram encaminhados até novembro de 2023, dentre eles o Dossiê do Geoparque Costões e Lagunas, que é oficialmente aspirante à condição de geoparque da organização mundial. A chancela da UNESCO para um geoparque é de grande relevância, porque confere reconhecimento internacional e traz benefícios significativos, como Turismo Sustentável, Preservação Geológica, Desenvolvimento Econômico, Pesquisa Científica e Valorização Cultural.