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Mãe de santo sofre intolerância religiosa em Saquarema

Uma mãe de santo sofreu inúmeras agressões verbais e foi ameaçada de morte, na localidade do Tinguí, em Sampaio Corrêa, distrito de Saquarema, na Região dos Lagos. A sacerdotisa, Anick Lorena Costa, sua mãe e o seu zelador de santo estavam com a indumentária típica das religiões de matrizes africanas e foram buscar areia no rio Tinguí que corta a região para usar em um ritual que iriam fazer. Segunda Anick, nesse momento, o agressor chegou completamente alterado, xingando, gritando e gesticulando que ela não tinha permissão de entrar no rio e que ela era “uma vagabunda, macumbeira filha da puta” e na próxima vez que ela entrasse, lá, ele iria rasgar ela e quem estivesse com ela. O homem estava com um facão na cintura e disse que ela colocava oferendas naquele local, o que não é verdade de acordo com a sacerdotisza.

Anick saiu do lugar sem responder, completamente abalada e com medo do que passou. Apesar do local onde aconteceu os atos de intolerância religiosa pertencer à família do agressor, o espaço está arrendado a uma outra família que vende refeições e os portões ficam abertos.

Episódio de Intolerância

Anick, usualmente, vai ao restaurante almoçar ou pegar alguma quentinha para comer em casa e já tinha ouvido “comentários ofensivos” do agressor. Alguns dias depois, reestabelecida do evento, a sacerdotiza procurou a delegacia de polícia e fez um boletim de ocorrência. O Babalawô e professor/doutor de História Comparada da UFRJ, Ivanir dos Santos, afirmou que é mais um episódio de intolerância religiosa qualificada com ameaça de morte e espera que as autoridades policiais tomem as medidas de abrir um inquérito para investigar essa intolerância e essa ameaça. E que o Ministério Público faça a denúncia e o judiciário puna. Ivanir destacou também que “não podemos ficar em silêncio com atitudes como essa. Que cada vez mais crescem no país. E cada vez mais tem ameaçado adeptos das religiões de matrizes africanas. Vamos continuar sempre na nossa luta, apoiando as vítimas, mas também exigindo das autoridades as suas responsabilidades.”

Jornalísta Glaucos Galvão
Instagram @glaucusgalvao

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