O ano voou. Mas com a chegada próxima da Primavera, em 22 de setembro, um dia depois do Dia da Árvore, dia 21 de setembro, vêm também várias reflexões, diante da fumaça criminosa consequência dos incêndios florestais. Há 25 anos, aqui em Barra Nova, bairro litorâneo, tínhamos acabado de criar a Associação de Moradores e Amigos de Barra Nova, fundada no bar de um morador tradicional do bairro: o Darcy. Pouco tempo depois, ajudamos a criar várias outras Associações nos três distritos de Saquarema (Saquarema, Bacaxá e Sampaio Corrêa), porque era grande o número de lideranças comunitárias que nos procuravam solicitando ajuda.
E, finalmente, criamos a Federação das Associações de Moradores e Amigos de Saquarema, a FAMOSA, gerando uma aliança com outras federações de Maricá, Araruama, Cabo Frio e Rio das Ostras, além da FAMERJ (Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro). Em Barra Nova, que virou um modelo para outras Associações, fazíamos sempre em setembro uma atividade ambiental. Com esse tema, promovíamos um concurso na escola do bairro, a Osiris Palmier da Veiga, na Avenida Litorânea, para escolher o melhor desenho e a melhor redação sobre o Dia da Árvore.
PLANTAR É PRECISO
Há 25 anos, chegamos a plantar árvores na frente da escola que estão em pé até hoje… O prêmio do concurso era lápis de cor e papel, o que deixava as crianças felizes, pois a maioria não tinha acesso a esse tipo de material escolar em casa, filhos e filhas dos moradores locais, quase sempre pescadores, pedreiros e domésticas. Muito depois surgiu na mesma escola uma biblioteca, onde também comparecemos para acompanhar o processo de implantação do hábito de leitura e amor aos livros que uma professora criara.
Mas o projeto que se consolidou e mais gerou desdobramentos foi o Nem tudo é lixo, da professora Sueli, que provocou conscientização ambiental a partir da coleta e reciclagem de resíduos sólidos na escola, além da criação de uma horta. Hoje tudo isso é passado e a gente assiste pacificamente o país ardendo em chamas, com incêndios criminosos expalhados em praticamente todos os estados da federação, em inúmeras cidades. Até em Saquarema, tivemos recentemente um grande incêndio no entorno da Lagoa de Jacarepiá, na área do Parque Estadual da Costa do Sol (PECS), assim como também na Mombaça e em Sampaio Corrêa. Incêncidos que destroem a natureza, matam a flora e a fauna.
CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
Hoje, temos que resgatar as experiências exitosas de 20, 30 anos atrás e nos unir com as atuais que têm dado frutos no município. É o caso da comunidade de Jacarepiá, que mantem um programa de coleta de lixo ativado por moradores conscientes como o Vinícius e a professora Hellen.
Mas não basta. Seria necessário recuperar as antigas Associações de Moradores, com novas lideranças comunitárias, para criar em Saquarema um cinturão ambiental de defesa. Somente a Prefeitura exercendo sua função institucional e o Conselho de Meio Ambiente, com apoio comunitário, não são suficientes para combater os crimes ambientais que não se resumem aos incêndios. A população deve se engajar, senão estaremos falando há anos para nós mesmos.