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Cadernos do Terceiro Mundo, jornalismo e democracia

Cadernos do Terceiro Mundo, uma revista necessária (Foto: Divulgação)

A conferência “Jornalismo e Democracia: Revista Cadernos do Terceiro Mundo, 50 anos – História e Legado” celebrou o marco de meio século da revista Cadernos do Terceiro Mundo, trazendo à tona seu papel pioneiro no jornalismo contra-hegemônico e na promoção de uma Nova Ordem Informativa Internacional. O evento reuniu profissionais que contribuíram para a trajetória da revista e acadêmicos de diversas áreas, como história, relações internacionais e comunicação, para discutir tanto seu legado quanto os desafios contemporâneos da mídia no contexto do Sul Global. Além de resgatar a importância histórica da Cadernos, a conferência buscou fomentar diálogos sobre justiça social, educação cidadã e o papel transformador da mídia nas dinâmicas geopolíticas atuais.

O evento começou com uma mesa de abertura, reunindo autoridades de instituições chave como UFRJ, UERJ e UFRRJ. Esse encontro celebrou a representatividade e o impacto global da revista. A mesa “Por que Cadernos do Terceiro Mundo?” discutiu a proposta editorial, destacando a importância de dar voz ao Sul Global, onde o Brasil se encontra. O dia se encerrou com uma recepção cultural, com um recital de piano e percussão.

Dia seguinte, a manhã começou com a mesa “Cadernos do Terceiro Mundo e o Contexto Mundial”, abordando o impacto geopolítico do Sul Global e sua relação com a linha editorial da revista. À tarde, uma exposição com fotos e vídeos retratou a trajetória da publicação, seguida da mesa “Cadernos: Redação e Produção Editorial”, revelando os bastidores de sua criação. À noite, a mesa “O Papel da Cadernos na Cobertura Internacional” destacou reportagens históricas sobre movimentos de libertação e resistência pelo mundo.

A programação do dia seguinte começou com a mesa “Jornalismo e Mídia Ontem e Hoje”, que debateu as transformações no jornalismo desde os anos 70, os desafios da mídia digital e o impacto das redes sociais e da IA. À tarde, a exposição seguiu, e em seguida a mesa discente discutiu o uso da Cadernos como fonte histórica. A noite se encerrou com a mesa “Do Terceiro Mundo ao Sul Global”, abordando mudanças geopolíticas e o papel da comunicação na construção de um mundo mais justo.

O último dia do evento começou com a palestra “Bandung 1955 – Rio de Janeiro 2024”, ministrada por Darwis Khudori, que explora o legado da Conferência de Bandung e os desafios contemporâneos do Sul Global. Após o debate, mediado pela Professora. Dra. Beatriz Bissio, o evento se encerrou com uma foto oficial e uma confraternização para celebrar o sucesso da jornada, realizada no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, na Av. Rui Barbosa, 762, Rio de Janeiro. Foi uma oportunidade única de entender o impacto de uma revista que revolucionou o modo como enxergamos o mundo e conectou lutas e saberes globais.

Atualmente, através do acervo digitalizado da revista Cadernos do Terceiro Mundo, publicada entre 1974 e 2005, é possível ter um retrato fundamental para a compreensão da História Contemporânea. Os jornalistas Neiva Moreira e Beatriz Bissio conseguiram com muito empenho e profissionalismo, manter a revista Cadernos do Terceiro Mundo ao longo dos anos. Eu lembro a primeira vez que entrei na redação da revista Cadernos do Terceiro Mundo, num prédio tradicional na antiga Praia da Glória, continuação da Rua da Lapa, no Rio.

Com muita disciplina, a revista Cadernos do Terceiro Mundo sobreviveu ao tempo, apesar de todas as mudanças no mundo, como se fosse um território de resistência democrática. Trabalhei como free-lancer algumas vezes lá, seja na redação ou buscando algumas informação no arquivo. Fiz algumas matérias memoráveis, como a cobertura do primeiro Seminário sobre Arquitetura Africana Luso Brasileira. Cobri o evento não só para a revista Cadernos do Terceiro Mundo, mas também para o jornal Renovando, do Sindicato dos Arquitetos do Rio de Janeiro, que eu editava na época.

Quando retornei de uma viagem a Angola, fui entrevistada pela revista Cadernos do Terceiro Mundo, como também em Paris, a rádio France me entrevistou, para saber um pouco do carnaval angolano… Essa viagem gerou também uma exposição de fotografias que fiz na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no Museu da Imagem e do Som, na galeria Funarte, em Brasília, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte e no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo. Bons tempos, aqueles…

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