
Novo Ano, vida nova. É com uma imensa sensação de que tudo vai mudar que começamos o ano, especialmente quando iremos adentrar um novo governo, seja aqui ou seja lá, nos Estados Unidos… Muita coisa vai mudar, sem dúvida, até porque no reino do Axé e da religiões afro-brasileiras já se sabe que o ano será regido por Xangô, orixá da Justiça e Iansã, rainha dos raios! Não vai ser fácil, mas será um ano justo, apesar dos raios sobre nossas cabeças.
O jornal O Saquá vai fazer neste ano 25 anos de existência em julho, quando teremos de decidir se continuamos ou não a fazer jornal, uma atividade extremamente cansativa e de baixa lucratividade. Para falar a verdade, o jornalismo é uma profissão de risco, começando pela falta de lucro e o trabalho extremamente cansativo. Tanto é que a maioria dos jornalistas não consegue nem se aposentar, morrem antes, muitos do coração! E, no interior como aqui em Saquarema, ainda é pior.
Antes da pandemia, existiam cerca de cinco jornais que circulavam na cidade. Hoje existe apenas um: O Saquá. E mais um que vem de outra cidade mas abrange Saquarema. Portanto, faz muita falta quem queira trabalhar em jornal. Na nossa redação que já teve até 3 repórteres/redatoras, hoje não existe ninguém. Somente a editora que se vira nos 30; faz 1001 coisas ao mesmo tempo, vivendo um stress permanente, desgastando sua saúde, que sou eu.
Em toda nossa existência, passaram por nós verdadeiros idealistas como, por exemplo, Marinho, repórter policial que chegou a trabalhar no O Globo, antes de escrever suas famosas crônicas no nosso jornalzinho. Teve também o Maraca, com sua coluna pioneira de surf, o esporte radical consolidado na cidade, através das ondas magníficas de Itaúna, que ele chamava de “Maracanã do Surf”. Depois surgiu e se tornou nosso fotógrafo o mineiro Angelo Agnelo, com sua sensibilidade à flor da pele e fotos incríveis. E tivemos um grande mestre, Silênio Vignoli, editor, redator e designer profissional, que se apaixonou pela nossa proposta idealista e resistente e se agregou a nós, chegando a colaborar com uma pequena quantia para publicação de sua coluna política mensal.
Agora, junta-se a esse grupo de notáveis o também amigo e fotógrafo Paulo Lulo, que fotografava para o jornal Correio do Povo, editado pelo Silênio, e distribuía em Saquarema o jornal de Niterói e Maricá. Através do Silênio, herdamos essa amizade e compromisso com a informação, porque mesmo não se considerando jornalista, Paulo Lulo, o nosso querido Paulinho, era muito bem informado e adorava trabalhar com informação. E assim nos juntamos, um pequeno núcleo, para manter a periodicidade do jornal O Saquá mensal: eu, meu marido Edimilson Soares, também fotógrafo e pauteiro, além do Paulinho, atualmente responsável pela distribuição do jornal e que quase não fotografava mais por não se adaptar aos celulares que substituíram as máquinas fotográficas…
Esta edição é uma homenagem a todos esses colaboradores do jornal O Saquá que adoravam participar, mesmo sem remuneração nenhuma, ou quase nenhuma, porque todos eram colaboradores espontâneos e alguns até mantenedores, como Silênio e a nossa grande cronista Beatriz Dutra, que há mais de 15 anos mantém sua coluna mensal e sua colaboração para garantir a circulação do jornal. Um jornal que foi antes da pandemia colorido e chegou a ter 24 páginas e agora resiste apenas em preto e branco e com somente 8 páginas, mas que (r)existe! Também com a colaboração espontânea do fotógrafo Cláudio Motta, de Bacaxá e Jaconé.
Paulinho nos deixou agora, em janeiro! E foi um susto, tristeza, dor e melancolia. Afinal Paulinho era sempre uma alegria… Esta edição é dedicada a ele e a todos os colaboradores do jornal O Saquá, icluindo as três jornalistas – Alesandra Calazans, Michelle Maria e Monique Barcellos – que tanto fizeram pela existência do jornal. Sem falar nos diagramadores: o saudoso Miro Zagger e os atuais Ronan Vasconcellos e Thadeu Moraes, que também colaboram com a edição de livros da Tupy Comunicações. A todos(as) o nosso muito obrigado. E gratidão! Uma gratidão profunda só possível entre pessoas tão especiais como costumam ser os/as jornalistas. Mesmo que nunca tenham frequentado bancos escolares, faculdades e bibliotecas que dão o suporte a nossa profissão. Gratidão também a minha filha Lia Caldas e meu genro Pedro Stabile, ambos fotógrafos, redatores e designers.