
De acordo com as crenças religiosas africanas, no dia 2 de fevereiro é comemorado o dia de Yemanjá, Odoyá, popularmente conhecida pelos brasileiros como Iemanjá, a orixá da religião Yorubá que significa “Rainha das águas, mares e oceanos”. Iemanjá se tornou uma figura proeminente na cultura brasileira, especialmente nas religiões Afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda.
O culto a Orixá Iemanjá, embora enraizado em tradições históricas, continua a evoluir e se adaptar aos contextos sociais e espirituais contemporâneos. Ela é um símbolo de força feminina, proteção e generosidade, atributos a uma sociedade cada vez mais consciente da importância do matriarcado, da sustentabilidade ambiental e da inclusão social.
A figura de Iemanjá transcende os limites religiosos, incorporando-se à arte, à música e à literatura, onde é frequentemente retratada como símbolo de resistência. Trazendo para a cultura nacional, a orixá, símbolo que enaltece praias palcos de devoção e alegria, onde devotos de todas as idades e origens se reúnem para ofertar flores, espelhos, perfumes e pequenos barcos, simbolizando a entrega de seus pedidos e agradecimentos à Rainha do Mar. Este ritual, além de sua beleza estética, é um poderoso ato de fé e renovação espiritual, marcando o início de um novo ciclo. (Fonte: Fundação Palmares/gov.br)
DA ÁFRICA PARA O BRASIL
A trajetória do Orixá Iemanjá, da África para as Américas, é um testemunho da resistência e da resiliência cultural dos povos africanos escravizados.
Originalmente cultuada pelos Yorubá, uma das maiores etnias da África Ocidental, Iemanjá era considerada a mãe dos Orixás, divindades que regem os elementos da natureza e aspectos da existência humana. Incorporada à diáspora africana, seus filhos trazem consigo essa rica união da religião de matriz africana com elementos do catolicismo.
No Brasil, Iemanjá foi associada a figuras católicas como Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes, uma estratégia de sobrevivência espiritual que permitiu a continuidade de sua adoração. Essa conexão reflete as inúmeras manifestações das identidades afro-brasileiras, entrelaçadas com a história e a resistência cultural.
No Rio de Janeiro, o dia 31 de janeiro é consagrado a Yemanjá, nas praias cariocas e fluminenses. Mas a principal comemoração é no dia 2 de fevereiro, data privilegiada na Bahia, onde se realiza a célebre festa do Rio vermelho, bairro memorável, onde vivia o escritor Jorge Amado e sua esposa Zelia Gattai, hoje um museu aberto á visitação. De lá para todo o Brasil, o culto a Yemanjá se espalhou e hoje é comemorado em várias praias e cidades em todo o país.
IEMANJÁ EM SAQUAREMA
Yemanjá é comemorada em vários terreiros e centros espíritas, em todo o país, sendo uma orixá que reúne muitos adeptos. Em Saquarema, se realizou este ano, mais um Dia de Iemanjá, na Praia da Villa, onde há uma imagem e um quadro representando a orixá africana, preta, e a versão da orixá brasileira, branca. Alí, pela 12ª vez houve a entrega do presente a Yemanjá, um pequeno barco carregado de flores, perfumes e espelhos, entre outros itens para ser lançado no mar para Yemanjá.

A cada ano maior, o evento deste ano, como sempre coordenado pelo Pai Sérgio, reuniu terreiros e casas de santo de várias partes do Estado do Rio de Janeiro, além de Saquarema, com um público cada vez maior. Além dos devotos de Yemanjá, a maioria vestida de branco, também banhistas, curiosos e admiradores dos sons dos atabaques participaram do lado de fora da grande tenda armada pela Prefeitura, próxima ao quiosque que ficou lotado; cadeiras e mesinhas todas ocupadas…
O grupo de filhos de Yemanjá vieram de Bacaxá para Saquarema, numa espécie de carreata, que chamou a atenção de todos. Na Praça do Bem Estar deixaram seus carros e fizeram uma caminhada até a praia, onde se iniciaram os cantos, com acompanhamento dos tambores e se iniciou a entrega de diplomas para os terreiros participantes e personalidades que colaboraram com o evento. Tudo muito lindo e que repetirá no ano que vem.